O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) realiza, semanalmente, reuniões do grupo de estudos sobre Transtornos do Neurodesenvolvimento. Na sexta-feira (20/10/17), a antropóloga Debora Diniz participou do encontro. Professora da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora da Anis – Instituto de Bioética, Diniz partiu da experiência com pesquisas sobre o zika vírus para conduzir uma palestra com o tema “Modelo social de deficiência”.
Como se define o modelo social da deficiência?
Ele é uma forma de desafiar a ideia de que a deficiência é um destino de exclusão – de que você vai viver à margem da sociedade, que não poderá ser incluído – e mostrar que a experiência de desigualdade da pessoa com qualquer forma de deficiência é muito mais social que biológica.
Há uma pergunta central para que possamos entender melhor: Há crianças que estão fora da escola, têm dificuldades de transporte; isso é resultado de uma limitação da criança ou de restrições sociais? O modelo social da deficiência acredita que são restrições sociais.
É preciso entender que a deficiência é parte da vida – à medida que envelhecemos, a experimentamos. Ela não é um destino de solidão do indivíduo, é uma forma de habitar os corpos e de viver a vida.
Como o tema se insere no contexto de um hospital pediátrico como o HCB?
Este é um hospital que trabalha com doenças crônicas, com questões relacionadas a neurodiversidade, em que a diversidade corporal e mental é uma forma de viver o corpo.
Qual a relação entre o modelo social e o modelo biomédico de atenção às pessoas com deficiência?
O principal desafio é entender que a biomedicina, o modelo biomédico, ajuda, cuida, deixa a vida das pessoas melhor, mas não é capaz de explicar porque as pessoas com deficiência estão à margem da sociedade. Temos que olhar com uma matriz de garantia de direitos humanos, assim como nós olhamos para questões raciais, para questões relacionadas a desigualdade de gênero. As pessoas com deficiência sofrem uma forma de discriminação – que é por causa da deficiência.
Texto e foto: Maria Clara Oliveira
Edição: Carlos Wilson
Coordenação de Comunicação: Ana Luiza Wenke